O VOVÔ E A VOVÓ        

Quem não se lembra de seu vovô e de sua vovó. Dizem que ser avô é ser pai duas vezes, mas se o pai educa o avô deseduca, mas como os avós deseducam bem. Quem não tem em suas lembranças os dias em que se podia com eles fazer tudo que o papai e a mamãe nem sempre deixavam. Comer doces, tomar sorvete, pular na cama, ir dormir mais tarde, jogar bolinhas de papel. E tudo que faziamos estava certo e era bem feito, tinhamos suas aprovações.

Meu avô materno era napolitano, cantava músicas engraçadas acompanhadas por seu bandolim, contava piadas gozadas, e desenhava as caricaturas mais divertidas que eu já vi. Tudo que ele fazia era muito espirituoso. Parece que sua principal intenção era me fazer rir, me fazer feliz. Todos os domingos almoçavamos lá. Minha avó preparava macarronadas com macarrão e molho feitos em casa. Meus tios mais novos que minha mãe sempre chegavam tarde vindos do clube ou do futebol. Eu criança, ia para a cozinha com fome e minha avó, com sua colher de pau espalhava molho de macarrão em uma finíssima fatia de pão italiano, que delícia . . .

Todos temos saudades de nossos avós. As lembranças podem ser diferentes mas a saudade é igual.

Não conheci meu avô paterno, mas minha avó fazia rosquinhas e bolachas incríveis. As tortas então . . . Fazia balas de coco que eu adorava comer,  ainda na fase do puxa-puxa, quando quentes e ainda não cortados. Em seu forno a lenha preparava sonhos bem açucarados e rabanadas com bastante canela. Eu adorava. Quem não se lembra de histórias como estas, podem ser diferentes mas no fundo são semelhantes. Quem não se lembra daquele casal de velhinhos simpáticos, alegres, brincalhões, carinhosos e que nos faziam muito mais felizes do que podemos nos lembrar em outro tempo qualquer.

São lembranças como estas que inspiraram os bonecos do Vovô e da Vovó. Eles são iguaizinhos ou muito parecidos com nossos avós. Ter um casalzinho tão simpático em casa é renovar a cada instante a felicidade que todos nós buscamos.